Enxaqueca não é coisa só de adultos. As crianças já podem apresentar este tipo de dor de cabeça, os meninos começando em média aos 7 anos e, as meninas, um pouco mais tarde, aos 11 anos. Quando as crises de enxaqueca passam a ser muito frequentes, é indicado um tratamento que vai além dos analgésicos para aliviar a dor. Ele pode ser feito com o uso de medicações de uso diário, também chamado de tratamento profilático, que trabalhará a química cerebral para reduzir a frequência e a intensidade das crises. Entretanto, algumas pesquisas têm demonstrado que a mudança de certos hábitos de vida pode colaborar para o controle das crises de enxaqueca.
Uma pesquisa publicada na última edição do periódico Headache, jornal oficial da Sociedade Americana de Cefaleia, confirma que as crianças podem ter melhora significativa de suas crises ao evitar exposição direta do sol na cabeça, ter regularidade nos horários de dormir, acordar e se alimentar, e quando assumem uma dieta que evita alguns alimentos que costumam desencadear crises, entre eles: carnes processadas, queijos amarelos, chocolate, alimentos com glutamato (ex: macarrão instantâneo, molho de soja). O estudo ainda revelou que as crianças com menos de 6 anos foram as que mais tiveram benefícios com esses cuidados.
Os resultados reforçam a prática que muitos médicos têm de tentar aperfeiçoar hábitos como sono e dieta das crianças antes da introdução de um tratamento medicamentoso. Essa é uma prática ainda controversa, mas uma recomendação inequívoca é a de que a criança deve evitar a exposição a estímulos que já foram reconhecidos como fator desencadeante de crise no seu caso específico. Não existem listas de proibições que devem ser aplicadas de forma generalizada, mas não custa evitar aquilo que não faz bem à saúde das crianças num sentido mais amplo, como é o caso de um sono irregular.
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Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB). É também titular do Blog “ConsCiência no Dia a Dia”.
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